澳門葡文報刊----澳門論壇日報(Jornal Tribuna de Macau)今日刊登了「剩下的是記憶——黎小傑油畫作品展
| All that Remains are Memories - Lai Sio Kit Oil Painting Exhibition」的報導,雖然小編唔識葡文,但這可以讓更多的葡人認識小傑的作品,實在太好了。
原文刊登於2018/05/28: https://jtm.com.mo/local/obsoleto-se-faz-arte-toca-nas-memorias/
DO OBSOLETO SE FAZ ARTE QUE TOCA NAS MEMÓRIAS
O pintor Lai Sio Kit inaugura hoje a exposição “Tudo o que resta são memórias”, dedicada à transformação de azulejos antigos em outro tipo de arte, através da pintura a óleo. São obras que precisam de um olhar atento e que trazem uma certa tranquilidade
Liane Ferreira
“Tudo o que resta são memórias” é a nova exposição de Lai Sio Kit e a segunda do “Arts Empowering Lab” no espaço “At Light” no Pátio do Padre Narciso.
A curadora Ho Chong I explica na apresentação da mostra que “os azulejos e os seus padrões geométricos que se vêem em tantas casas antigas de Macau tornaram-se obsoletos” e estão condenados a desparecer. “Se continuarmos a demolir esses edifícios, vão tornar-se em nada mais do que lixo”. “No entanto, esses azulejos desmantelados reencarnam quando Lai Sio Kit os pinta e traz à vida para expressar e também ultrapassar as saudades de casa”.
Segundo Ho Chong I, o trabalho de Lai Sio Kit costuma ser uma interpretação metafísica sobre coisas comuns com os horizontes de telhados ou os padrões dos tijolos. “Não sou um tipo de pessoa sentimental em relação ao passado, mas as obras de Lai tocam-me frequentemente e encorajam a olhar para trás. Às vezes, a sua arte recorda-me uma casa antiga onde vivi, enquanto adolescente, em Cantão”, confessou, acrescentando que regressam à sua mente boas memórias da infância, muito provavelmente devido à “subtileza” do trabalho artístico.
Lai Sio Kit, que tem um mestrado em pintura a óleo do Departamento de Pintura da Academia Central de Belas Artes da China, escolheu um caminho artístico diferente dos que projectam as suas emoções sobre Macau com técnicas mais atractivas e facilmente apreciadas. “Pelo contrário, Lai tem investido em algo diferente e nada popular – tijolos e azulejos com padrões, que podem parecer aborrecidos – mas ele continua a pintar o mesmo tema há uma década”, afirmou Ho.
“A maior parte do seu trabalho pode parecer pouco excitante à primeira vista, mas mais tarde sente-se uma certa tranquilidade e o gosto pela vitalidade nos objectos obsoletos que ele pinta”, disse, notando que a audiência precisa de um pouco mais de sensibilidade e paciência para apreciar essa linguagem única da pintura e dos símbolos.
Para a curadora, as obras de Ho mostram que gosta de saltar entre a racionalidade e a improvisação, no modo como usa as cores e pode mesmo tentar perceber quais desses traços têm origem no prazer e na irritação do processo criativo.
O artista que regressou a Macau há 10 anos, dedica-se apenas à pintura e considera que ainda há pouco consciencialização sobre o valor de coleccionar arte, mas mesmo assim ainda há quem compre as suas “obras de vez em quando”. Porém, admite não se preocupar sobre o que as pessoas pensam sobre a sua arte, embora existam pontos em comum com a audiência.
Lai Sio Kit é o director da “Art for All Society” e vice-presidente da Associação de Artistas de Macau e Comité Jovem da mesma associação. Numa década realizou mais de uma dúzia de exposições a solo e as suas obras estão em colecções privadas e no Instituto Cultural.
A exposição inaugura hoje às 18h30 e prolonga-se até 3 de Julho. O evento é patrocinado pela Fundação Macau.
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